segunda-feira, 13 de junho de 2011

A verdadeira função da família.

Olá menines!

Hoje pretendo falar de um tema que é tremendamente delicado a muitos... a mim também. Mas tem de ser falado.

Falarei sobre a importância da família.

Sabem, por muitos anos pensei que a família poderia ser um refúgio, um local onde a pessoa pudesse encontrar amor de verdade, um refúgio. Não a solução de todos os seus problemas, mas um local onde pudesse descansar.

Pois bem, menines. Infelizmente, de alguns anos para cá, tenho reparado que não é bem assim que a coisa funciona. E apesar de esse blog ser mais para mulheres, admito também que homens sofrem nisso que chamamos de "concepção de família".

Bem. O começo da concepção de "familia" iniciou-se com a propriedade privada. "Familia" nada mais é do que um grupo de pessoas com consanguineidade (escrevi certo??) entre si.

E por que o povo tem que ter o mesmo sangue?

Oras. Ninguém vive pra sempre, né, galere? E ainda mais antigamente, que se morria bem mais facilmente do que hoje... então, que fazer?

Oras, a propriedade tinha de ser transmitida a alguém. E a alguém do mesmo sangue, dado que uma pessoa "do mesmo sangue" é quase o equivalente a "você mesmo".

Pra esse povo, claro. Eu não penso assim.

Mas MUITA GENTE ainda pensa!!

Acha que não, colegue?

Então raciocina comigo... por que a homossexualidade foi condenada por tantos anos a fio?

(Ainda é!! Hoje tá melhorzinho, mas as pessoas ainda se chocam com um filho gay!)

E o racismo, veio daonde?

E o fascismo?!

Não lembra do que é fascismo? Era aquele movimento paralelo ao nazismo, só que ocorrido na Itália. Pois é, a gente reclama tanto do nazismo, mas a gente é igualzinho... só não colocamos ninguém em câmara de gás.

Não colocamos...?

Mas não fazemos nada semelhante...?

Fazemos sim. Pega o Christian Pior, do Pânico. O ator foi expulso de casa por ser gay.

Hoje você conhece mães solteiras que são expulsas da casa dos pais? Eu conheço.

Agora, qual o problema em uma mãe solteira? E num gay? E na miscigenação, que apesar de ocorrer de monte no Brasil, ainda tem um monte de pardo se declarando "branco"?

Gente, todos esses problemas residem numa coisa. Na LINHAGEM.

É, na linhagem. O pessoal no antigo Egito já fazia isso, e de forma tão séria, que os nobres casavam entre irmãos.

A gente não casa mais entre irmãos, mas ainda tem um pouco desse negócio de linhagem, sim.

A mãe solteira é execrada por ter gerado um filho de quem não se sabe a paternidade. Ou até se sabe, mas essa paternidade não é legítima.

É, gente. Esse negócio sobrevive aos contraceptivos e ao teste de DNA. É um costume inútil, mas mães solteiras ainda são execradas.

Gays são execrados por que?

Porque não geram filhos. E como se pra esse povo, a única sexualidade válida fosse a que gera filhos... já me falaram que "gays são sacanas por natureza, pois não têm filhos mas fazem sexo".

E ai, comofas?

Mas é por isso que a masculinidade ainda é valorizada. Porque é O HOMEM quem leva o nome da família. A mulher perde o nome assim que se casa. Ela passa a pertencer à família do macho.

Aliás, que ritualzinho mais besta aquele hein?! Levar a noiva ao altar, como se ela fosse uma coisa sendo transmitida do pai ao noivo.

TAQUIPARIU, só assim!

Por isso que não quero casar em igreja. Nem católica eu sou!

Mas voltando, menines... família é isso aí. É só um bando de gente do mesmo sangue, que convive junto sob as ordens do macho-alfa, e que deve obedecê-lo. E a única finalidade desta instituição é a de delegar bens a pessoas mais jovens (filhos) do mesmo sangue.

"Mas hoje não é mais assim".

Tem certeza, amore?

Quantas vezes você não ouviu pais dizerem aos filhos, mesmo estes sendo MAIORES DE 18 ANOS e trabalhando fora: enquanto morar na minha casa, segue as minhas regras?

Ainda tem de monte, colegue!

Por que vc acha que o povo sai da casa dos pais? Pra não ter de ouvir uma merda dessas nunca mais!

E por que você acha que muitos pais ainda se acham dignos de deserdarem os filhos? Ora, veja o nome: des-herdar. Tirar a herança. A herança, numa sociedade patrilinear, é a coisa mais importante que há. Des-herdar um filho é a coisa mais vergonhosa que se faz numa sociedade patrilinear.

E é por isso que quem "suja a linhagem" da familia é des-herdado.

Hoje a coisa tá mais "light", mas ainda é nesses moldes que ocorre em muitos lares.

Mas se você forma uma nova familia nesse padrãozinho de papai-mamãe-filhinhos, você entra nessa PRISÃO novamente!

"Ain, a Sarah é contra a família".

NÃO SOU contra a família, desde que nela haja respeito, união, apoio mútuo, afeto, companheirismo.

A partir do momento em que um pai ou uma mãe:

- Não aceita o fato de a filha não ser mais virgem;
- Não aceita a homossexualidade do filho ou da filha;
- Incentiva o filho a ser garanhão e a filha a ser recatada;
- Diz que deserda a filha se ela for mãe solteira e o filho se ele for gay (ainda existe, duvidam?);
- Não aceita adoção como alternativa a maternidade/paternidade;
- Se importa muito com "o nome da família" (que é que esse nome vai trazer de bom pra minha vida, oi?);
- Etc...

Essa família não passa de carceragem implícita, prisão baseada nos genes.

O MAIOR TABU da sociedade ainda é a geração de filhos. Pessoas são julgadas por adotar, por engravidarem sem serem casadas, por serem gays e fazerem sexo "sem gerarem novas vidas".

Praticamente TODOS os problemas sociais que enfrentamos com preconceito é por causa do dogma da transmissão legítima de genes.

Portanto, desculpem se o texto parece pesado, mas não sejam reféns de suas famílias. Se você for discriminado/a, seja por ser "promiscua" (coloco no feminino porque "homem pode"), gay, lésbica, mãe solteira... faça como falei no outro texto: arrume grana e saia de casa.

Mas saia MESMO. Não digo abandonar pai e mãe caso precisem de você, mas não deixem família (e isso também inclui irmãos, sobrinhos, tios, primos etc... não só pais) controlar a vida de vocês.

É difícil. Ainda vivemos numa sociedade muito estagnada e dividida em "segmentos", mas uma hora a gente chega lá.

Família não é seu sangue, é seu coração.

6 comentários:

  1. Você falou tudo e mais um pouco. Família é carceragem mesmo, um conjunto de tradições preconceituosas e pais se achando proprietários dos filhos.

    Eu me indignei muito quando eu vi aquela "Marcha da família" em Brasília, aquilo é assustador. Família, nos moldes que estão estabelecidos, é ambiente de abuso, violência, cárcere. É onde ocorre o maior número de estupros, pedofilia, violência contra a mulher. Precisamos desconstruir o machismo, a esposa e filhos como propriedade do homem, a heteronormatividade. Isso sim é uma ameaça a família como lar e refúgio de gente que se ama.

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  2. Disse tudo Escarlate.

    Acho um absurdo esses protestos anti-famílias gays. Po, qual o problema de dois h ou duas m cuidarem de uma criança que não tem lar?

    Acho isso mto, mto mais digno do que ter uma renca de filhos entre casal het e mandar a criançada pra vender drops na esquina.

    O povo não pensa nisso?!

    Povo é fods.

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  3. Eu bem sei o que é isso.Durante ANOS me martirizei pq não gostava da minha família,odiava meu pai e sua mãe,mas por causa da religião tinha que engolir meus sentimentos.Criei até uma persona para poder ficar meio que em paz quando tinha que visitá-los.Mas depois que virei atéia,dei um pé na bunda de todo mundo,hoje só olho pra cara do meu pai por no máximo 15 minutos apenas para pegar minha pensão,e estou muito feliz assim =D
    Só quando me afastei de todos foi que eu descobri o que é ser feliz,e com o bônus de não precisar sair de casa!\O/

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  4. Muito bom, só não gostei dessa parte;

    "- Não aceita adoção como alternativa a maternidade/paternidade;"

    Acho que a adoção não tem que ser vista como alternativa,não se pensar em adotar só porque não pode ter filh@s. Isso contribui muito no estigma de "semelhança d@ filh@", mesmo sendo adotad@.

    Fora isso.

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  5. larissa, vc tem razão. No entanto, digo "opção" mesmo quando podemos ter nossos próprios filhos - e adotamos por um ato de amor.

    Eu mesma tenho 25 anos, até onde sei sou fértil, e não gostaria de tentar ter filhos por vias naturais. Caso eu mude de ideia sobre ser mãe - eu não desejo ser mãe, porém não se pode dizer "dessa água não beberei" - queria adotar.

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  6. Minha família é uma prisão da qual não me livrei.

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